Two Sides fomenta discussão sobre economia circular

Diretor técnico do Instituto TS Brasil participa do podcast Ondas Impressas e fala sobre a inserção da indústria gráfica na economia circular e as oportunidades que o conceito pode abrir para as empresas do setor.
Por: Tânia Galluzzi

Para Léa Gejer e Carla Tennenbaum, criadoras do site Ideia Circular, o lixo é um erro de design. Elas partem do princípio de que na natureza não existe lixo, ele seria uma invenção humana passível de eliminação desde que todo produto ou processo fosse projetado para tal. Mais do que reciclar, mais do que reduzir o lixo, elas querem acabar com o conceito de lixo por meio de produtos e processos que sejam desenhados com inteligência e intencionalidade desde o início.
Esses conceitos formam a base da economia circular, tema do 11º episódio do podcast Ondas Impressas. Lançado em fevereiro por mim e pelo consultor Hamilton Costa, o programa destina-se àqueles que militam no universo da impressão e já tratou de temas os mais diversos, desde a polêmica do papel imune, marketing e vendas na pandemia, até a sobrevivência das gráficas frente à Covid-19.
Para discutir o assunto, convidamos a Léa, arquiteta e mestre em gestão ambiental urbana, Manoel Manteigas de Oliveira, diretor técnico de Two Sides Brasil, e Richard Möller, diretor da Hubergroup e representante da Associação Brasileira das Indústrias de Tintas para Impressão, Abitim, em Two Sides.
Apaixonada pela criação de produtos e espaços saudáveis, Léa ressaltou no podcast o papel da indústria gráfica na economia circular. “A indústria gráfica é fundamental pois está presente em todos os lugares.” Falou sobre a necessidade do alinhamento de toda a cadeia produtiva na geração de materiais positivos para o meio ambiente e para as pessoas e sobre a disseminação da economia circular no Brasil e no mundo.

VANTAGENS DO PAPEL
Manteigas aproveitou a oportunidade para enfatizar a posição de destaque da indústria gráfica frente aos três princípios básicos da economia circular: uso de materiais reutilizáveis e ou recicláveis, utilização de fontes de energia renováveis e a promoção da biodiversidade. “A indústria gráfica está avançada em função das qualidades intrínsecas dos materiais oriundos da celulose, que não são os únicos que ela utiliza, mas que representam uma grande parte.”
O diretor técnico também destacou a relevância das gráficas no desenvolvimento de produtos que possibilitem o reaproveitamento total dos materiais, sobretudo quando clientes multinacionais começarem a exigir a adequação a parâmetros mais rígidos como os recém-implantados na Europa. Em junho, o Parlamento Europeu aprovou novas regras para determinar se uma atividade econômica é ambientalmente sustentável. O “selo verde” será atribuído a empresas e projetos, e deve guiar investimentos públicos na União Europeia destinados à recuperação da economia pós-pandemia. “Falta pouco para termos [no Brasil] um livro, uma embalagem, um folder que atenda todos os preceitos da economia circular. Seria lamentável perdermos essa oportunidade”, complementou Manteigas.
Fechando a discussão, Richard Möller, que também é diretor da Associação dos Agentes de Fornecedores de Equipamentos e Insumos para a Industria Gráfica, Afeigraf, explicou os parâmetros da certificação Cradle to Cradle, que chancela produtos e fábricas alinhados com os princípios da economia circular, e a trajetória da Hubergroup na obtenção desse selo.

O QUE É ECONOMIA CIRCULAR?
A economia circular é uma nova forma de pensar o futuro e como nos relacionamos com o planeta, dissociando o crescimento econômico e o bem-estar humano do consumo crescente de novos recursos.
O desenho intencional de novos produtos e processos possibilita o aproveitamento inteligente dos recursos que já se encontram em uso no processo produtivo. Os resíduos se tornam nutrientes em novos processos – e os materiais podem ser reparados, reutilizados, atualizados ou reinseridos em novos ciclos com a mesma qualidade ou ainda superior, ao invés de serem jogados fora.
O destino final de um material deixa de ser uma questão de gerenciamento de resíduos, mas parte do processo de design de produtos e sistemas.
Assim é possível eliminar o próprio conceito de lixo: cada material é aproveitado em fluxos cíclicos, o que possibilita sua trajetória do berço ao berço (cradle to cradle), preservando e
transmitindo seu valor.

Fonte: Ideia Circular