Comunicação digital ou em papel?
Comunicação digital ou em papel: nova pesquisa Two Sides mostra que os consumidores querem ter o direito de escolher
Na tentativa de reduzir custos, muitos bancos, serviços públicos, telefônicas e outros prestadores de serviços estão substituindo os comunicados impressos por digitais, mas nem sempre com a concordância prévia dos destinatários. Outros estão incentivando seus clientes a mudarem da comunicação em papel para a digital porque esta seria melhor para o meio ambiente, mas não comprovam essa suposta vantagem. Uma pesquisa recente encomendada por Two Sides e conduzida pela Toluna concluiu que os consumidores querem ter a liberdade de escolher a forma como recebem comunicações importantes das empresas com as quais fazem negócios.
A pesquisa Two Sides Trend Tracker de 2023 entrevistou no Brasil 1.000 pessoas com mais de 18 anos para monitorar as percepções, comportamentos e preferências dos consumidores relacionados à sustentabilidade dos produtos de papel.
O direito de escolher
A pesquisa Two Sides mostrou que 86% dos consumidores brasileiros acreditam que deveriam ter o direito de escolher como receberão comunicados importantes de seus provedores de serviços, se em papel ou eletronicamente, e 78% acreditam que não deveriam ser cobrados a mais pela escolha do documento em papel.
As empresas que optam pela comunicação eletrônica acabam por criar problemas para muitos brasileiros que não têm acesso a uma boa conexão de internet ou têm dificuldades em lidar com dispositivos eletrônicos. A situação pode ser particularmente complicada para os que moram nas zonas rurais, idosos e para aqueles que não possuem conta bancária e precisam da conta impressa para pagar em um caixa. Uma grande parte da população brasileira ainda não tem acesso assegurado à internet ou tem um acesso limitado, seja por cobertura de rede ineficiente seja por dificuldades financeiras. Pesquisa recente encomendada pelo Idec – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – revela que quase metade dos pesquisados, num universo de pessoas com renda de até R$ 1.500,00 mensais, teve seu pacote de dados esgotado antes do final do mês. Assim, inexiste, para uma grande parte da população brasileira, notadamente a menos favorecida, a garantia de conexão eficaz.
A comunicação digital nem sempre é preferida
A pesquisa mostrou que 72% dos consumidores estão cada vez mais preocupados com o risco de que suas informações pessoais mantidas eletronicamente sejam hackeadas, roubadas, perdidas ou danificadas. Curiosamente, 74% dos entrevistados entre 18 e 24 anos se dizem preocupados com esse risco, enquanto 65% daqueles que possuem mais de 65 anos (66%) demonstraram a mesma preocupação.
O que é melhor, impressão em papel ou comunicação digital?
Tanto a comunicação impressa quanto a digital têm sua utilidade e benefícios importantes que os consumidores valorizam. A questão não deve ser qual é a melhor, mas sim qual é a mais adequada às necessidades de cada indivíduo. É de vital importância que todos os consumidores tenham o direito de escolher como receberão comunicações importantes dos seus prestadores de serviços para garantir que aqueles que não querem ou não podem acessar a internet não sejam prejudicados.
Os fatos
Tornou-se comum que as empresas incentivem os seus clientes a mudar do papel para faturas e extratos eletrônicos com afirmações não comprovadas de que deixar de usar o papel é melhor para o meio ambiente. Essas afirmações raramente estão embasadas em um bom estudo sobre os impactos ambientais das duas opções. Ignoraram que o papel vem de árvores cultivadas e colhidas regularmente, que essas árvores sequestram carbono da atmosfera e que o papel é muito reciclado (67% no Brasil). Também são ignorados os significativos impactos da comunicação eletrônica, como a geração de gases de efeito estufa, geração de lixo tóxico e a indução de trabalho em condições degradantes na mineração de matérias-primas para a fabricação de celulares, tablets, computadores e baterias.
Two Sides continua a questionar com sucesso grandes corporações e outras grandes organizações sobre essas declarações ambientais equivocadas que reforçam, injustamente, a ideia de que o papel é um vilão do meio ambiente e que sempre é melhor evitá-lo.