Filatelia hoje?

A ideia de estudar ou colecionar selos postais – ou filatelia para usar o termo oficial – pode ser considerada pela maioria de nós como algo fora de moda ou chato, mas a verdade é que colecionar selos pode ser mais interessante do que muitos imaginam (1). Além disso, os selos postais são um exemplo de como o papel contribui muito para nossas vidas cotidianas.

Uma breve história do selo postal

Foi o inglês Rowland Hill que, em 1838, teve a ideia de aplicar um selo às cartas para indicar que o custo da postagem havia sido pago pelo remetente (2). Até então, os custos de postagem eram pagos pelo destinatário da carta.

O primeiro selo adesivo, o Penny Black, foi emitido na Inglaterra em 1840. Foi introduzido para padronizar a taxa de postagem no Reino Unido, tornando-a acessível para todos e não apenas para os ricos. Unidades bem preservadas deste selo de aparência insignificante, que custavam apenas um centavo em 1840, podem valer hoje mais de  £100.000. O primeiro selo brasileiro – conhecido como “olho de boi” – foi emitido em 1º de agosto de 1843, passando a circular já na mesma data.

Por que colecionar selos?

Enquanto alguns filatelistas são atraídos pela emoção de encontrar um selo raro que pode valer uma pequena (ou grande) fortuna, outros se encantam por sua beleza como obras de arte em miniatura. E longe de ser preferência de uma geração passada, o hábito de colecionar selos está passando por um renascimento com a recente adesão dos millennials que, atraídos  pelo seu aspecto “vintage” estão adotando o hobby (3) .

Além de serem bonitos, os selos permitem uma visão da cultura e da história de uma nação. Embora a maioria dos primeiros selos tipicamente apresentasse o chefe de estado do país, ao longo do tempo eles passaram a apresentar representações de eventos, figuras históricas ou celebrações.

Desde sua introdução, bilhões de selos postais foram produzidos, tornando-se um hobby relativamente fácil e barato. Para quem pensa em explorar a filatelia como hobby, Stanley Gibbons, o mais antigo comerciante de selos raros estabelecido no mundo, compartilha uma riqueza de informações em seu Guia para colecionadores de selos (4).

Nas próximas linhas, destacamos algumas informações para você iniciar essa nova aventura:

  1. Comprando seus primeiros selos

Stanley Gibbons recomenda comprar o “maior pacote de selos do mundo inteiro que você puder pagar” e, em seguida, “peneirá-lo” para ver quais chamam a sua atenção. A Oxfam, por exemplo, vende pacotes de 1.000 selos mundiais por £12.99 (sujeito a alteração/variação) ou você pode encontrar lotes infindáveis à venda no eBay por diversos valores. Também pode valer a pena perguntar aos parentes mais velhos se eles ainda mantêm uma coleção de infância.

  1. Selos usados ou não utilizados

Selos usados são a opção mais barata. Muitas vezes eles terão carimbos, o que os torna menos valiosos, mas não menos interessantes. Se você se deparar com um selo mais antigo e não usado, verifique se a goma adesiva na parte de trás está intacta, o que pode aumentar seu valor.

Outra boa maneira de começar uma coleção  é conhecer o calendário de selos comemorativos dos Correios lançado anualmente(5). Em 2022, por exemplo, há diversas séries, com temas comoFesta do Senhor Bom Jesus do Bonfim”, “Centenário da Semana de Arte Moderna e Bicentenário da Independência”, entre outras.

  1. Escolha um tema

A infinita variedade de selos disponíveis pode ser um pouco avassaladora, por isso é uma boa ideia começar colecionando selos de acordo com um tema, como  um país, um evento esportivo internacional como as Olimpíadas, animais, veículos e assim por diante.

  1. Equipamentos de um colecionador

As pinças são consideradas ferramentas essenciais para colecionadores de selos, assim como um álbum adequado para guardá-los. É importante não fixar permanentemente o selo na página. Uma lupa ajudará a revelar o selo em toda sua glória, incluindo a visualização de detalhes e de como foi impresso.

  1. Catálogos de selos

Estes ajudam na identificação dos selos disponíveis. O mais famoso é o Stanley Gibbons, líder mundial no quesito, mas há muitos catálogos disponíveis em português (6).

Ainda acha que colecionar selos é chato e antiquado? Se você não se animou a colecionar selos, você ainda pode usá-los de vez em quando:  a arte de escrever cartas vem experimentando um ressurgimento nos últimos anos e é, comprovadamente, um grande recurso para aliviar o stress. Leia o artigo “Caneta no papel: os benefícios da escrita”(7).

 

Artigo original por Belinda Kelly: TSUK

Fontes:

  1. BBC – A verdadeira razão para começar a colecionar selos
  2. Frama – A história dos selos postais, parte 1
  3. The Guardian – Pós-moderno: por que os millennials se apaixonaram pela coleção de selos
  4. Stanley Gibbons – Um guia para colecionar selos
  5. Correios (BR) – Eu amo Filatelia: emissões postais 2022
  6. Portal do selo (BR) – Catálogo de selos
  7. Caneta no papel: os benefícios da escrita